sexta-feira, 25 de julho de 2008

PROAGRI UM MAR MORTO


Uma pastagem de hoje do Professor Serra no seu blog, refere-se a uma crítica do Macherica ao fracasso do Proagri. A critica do Macherica de entre outras coisas diz que o Proagri foi investimento em mais mais carros que na agricultura. Vou tentar regressar ao passado, porque eu em 2004 integrei uma equipa de três consultores para o Grupo Moçambicano da Dívida, para avaliar o Proagri. Bonito programa sem dúvida. Na altura eu dizia os que conseguirem por os caris da agricultura no terreno e o comboio em marcha será herói incontestável em Moçambique, talvez mais amados que muitos que participaram na luta armada de libertação de Moçambique.

Porque seriam heróis? Porque apesar de a terra e os homens terem sido libertados no acto da independência política, os homens em Moçambique não se libertaram da fome e outros problemas(mas fiquemos por hora pela fome). Ninguém a passar fome é um homem livre, a história demonstra isso. Por exemplo a Bíblia (um grande livro até para Marxistas como Brecht) relata que quando o povo de Israel fugiu do Egipto conduzido por Moisés, e passando privações de fome no deserto, vastas vezes lamuriaram que teria sido melhor que tivessem permanecido no Egipto mesmo que escravos, porque lá tinham garantia de uma mesa posta. Como Bob Marley diz na música “Them Belly Full But We Hungry”, Uma multidão com fome é uma multidão irritada.

Isto tudo para dizer que houve a independência de Moçambique, mas não total, está em perigo pela fome do povo apesar de ter terra e não há heróis na agricultura. Se quiserem ler o relatório que fizemos na altura podem encontraracenssando o site do Grupo moçambicano da Dívida no endereço: www.divida.org, ou aqui. É escusado repetir o que diz o relatório, mas de facto o bonito Proagri foi um Titanic que se afundou na primeira viagem.

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